A vida do político gângster assassinado ao vivo na TV na Índia
Em abril, Atiq Ahmed – um dos políticos gângsteres mais temidos da Índia – foi morto a tiros, ao vivo na TV, com seu irmão.
O impressionante assassinato marcou o fim do seu reinado de terror que durou quatro décadas, na cidade de Prayagraj (antiga Allahabad, no norte da Índia), antes conhecida pela sua rica vida cultural.
Soutik Biswas, na capital indiana, Nova Déli, e Vikas Pandey, em Prayagraj, montam o quebra-cabeça da vida tumultuada de Atiq Ahmed e seus nebulosos limites entre o crime e a política, que você lê a seguir.
Em uma manhã coberta pela névoa de janeiro de 2005, o recém-eleito político Raju Pal viajava pela cidade indiana de Prayagraj. De repente, dois veículos surgiram do nada, desviaram perigosamente e pararam em frente ao seu Toyota.
Mais de meia dúzia de homens saíram dos veículos e começaram a atirar no carro de Pal. Depois de disparar várias vezes com suas pistolas, foram embora.
Pessoas que passavam por perto retiraram Raju Pal sangrando e o carregaram para outro veículo, que o levaria ao hospital. Mas os homens retornaram para atacar novamente seu alvo que ainda vivia.
O jornalista policial Ravindra Pandey estava em um café movimentado, quando identificou um comboio de carros transportando os agressores. Eles descarregaram um fluxo contínuo de balas em direção ao veículo que levava o político ferido para receber atendimento médico.
A perseguição prosseguiu até o veículo chegar ao hospital. E, em um ato final de brutalidade implacável, os homens dispararam duas rajadas de balas sobre o corpo inerte de Pal, para ter certeza de que ele estava morto.
Os médicos encontraram 19 balas no corpo. O legislador supostamente mantinha laços próximos com o submundo e ficou casado por apenas nove dias.
“Nós vimos os disparos”, relembra Pandey. “A cidade inteira viu os disparos. Foi o primeiro incidente deste tipo por aqui. Todos sabiam quem foi o responsável pelo ataque.”
Naquela época, Atiq Ahmed já era o gângster que se tornou o político mais temido de Prayagraj.
Um ano antes daquele assassinato, ele havia sido eleito para o Parlamento nacional, depois de cinco mandatos consecutivos como vereador, no Estado indiano de Uttar Pradesh.
Pal supostamente foi morto por ousar desafiar Ahmed em sua própria área. Ahmed havia deixado sua cadeira no distrito eleitoral de Allahabad West para seu irmão e homem forte, Ashraf, nas eleições estaduais de Uttar Pradesh.
Assim, ele poderia disputar a eleição parlamentar da vizinha cidade de Phulpur – um local conceituado, que elegeu três vezes para o Parlamento o primeiro-ministro da Índia Jawaharlal Nehru (o primeiro do país, logo após a independência).
Mas Ashraf perdeu, surpreendentemente, a eleição para Pal, por 4 mil votos. Acredita-se que o gângster e seus homens tenham se vingado assassinando Raju Pal. Eles foram indiciados como os principais acusados pelo caso.
Ahmed era um homem imponente com um espesso bigode e turbante branco, sua marca registrada. Aonde quer que fosse, ele transmitia uma aura de medo, incorporando o arquétipo do político gângster.
Por mais de 40 anos, Ahmed – filho de um pobre tanga-wallah (condutor de charrete) e de uma dona de casa – dominou o submundo do crime daquela pacata cidade, situada na confluência dos rios Ganges e Yamuna, dois dos mais sagrados rios da Índia.
Prayagraj é famosa pelos seus poetas, cantores, artistas, escritores e advogados. É a terra de nascimento de Nehru e do ator Amitabh Bachchan, uma lenda do cinema de Bollywood.
Mas sua enganadora tranquilidade ocultava uma combinação explosiva de crime e política. E ninguém contribuiu mais para esta fama do que Atiq Ahmed.
Em casa, Ahmed era o pai coruja de cinco filhos. Ele criava cães com pedigree, promovia festas extravagantes e mushairas (recitais de poesia) para os amigos. Certa vez, um respeitado letrista de Bollywood chegou a participar.
Mas, fora de casa, ele foi acusado de se apoderar de negócios e propriedades, extorquir dinheiro de comerciantes, emitir cheques falsos para pagar suas compras e fazer com que seus inimigos apanhassem na prisão.
Muitos policiais e políticos supostamente se alinharam a ele e o ajudavam. Até os tribunais pareciam cautelosos: em 2012, 10 juízes de altas cortes se abstiveram de comparecer a uma audiência para decidir pela concessão ou não de fiança a Ahmed.
Não surpreende que ele tivesse extensos antecedentes criminais. Ele foi o líder da chamada “Gangue Interestadual 227” e acumulou cerca de 100 processos, incluindo sequestros e assassinatos. Ainda assim, Ahmed permaneceu em liberdade e à plena vista de todos por grande parte do tempo.
Mas o número real dos seus crimes é muito maior porque “as pessoas tinham medo dele e não deram parte de centenas de casos”, segundo Lalji Shukla, ex-chefe de polícia de Prayagraj.
Foi apenas em março deste ano que Ahmed foi declarado culpado em um caso de sequestro e condenado à prisão perpétua. Foi a sua primeira condenação.
Para Shukla, o atraso ocorreu porque Ahmed sabia “como gerenciar o sistema”.
“Ele perdia datas de audiências e ameaçava testemunhas com frequência”, conta Shukla. “Até algumas testemunhas que não tinham medo dele acabavam se cansando depois de muitos anos de audiências marcadas.”
Mas, alguns dias depois da condenação, na noite de 15 de abril, tudo acabou de uma forma bastante macabra. Ahmed e seu irmão foram mortos a tiros à queima-roupa, no lado de fora de um hospital de Prayagraj.
O crime foi transmitido ao vivo pela TV, na presença de mais de uma dezena de policiais armados. Os irmãos estavam em custódia da polícia e conversavam com jornalistas a caminho de um exame médico de rotina.
A polícia prendeu três homens que, segundo eles, mataram os irmãos porque queriam “fazer seu nome no mundo do crime”. Os assassinatos chocaram o país e o governo do Estado ordenou rapidamente uma investigação.
“A máfia não pode mais espalhar o terror em Uttar Pradesh”, afirmou Yogi Adityanath, ministro-chefe do Estado governado pelo Partido do Povo Indiano (BJP, na sigla em hindi). O pronunciamento foi feito dias após o crime e não mencionou diretamente o nome de Ahmed.
O começo
Atiq Ahmed nasceu no distrito muçulmano de Prayagraj em 1962. Pouco se sabe sobre sua infância e adolescência, exceto que ele abandonou a escola no ensino médio e envolveu-se em pequenos delitos.
Em 1979, Ahmed se tornou maior de idade e foi acusado de assassinato, o que não pôde ser comprovado.
A polícia afirma que ele consolidou suas credenciais de gângster na década seguinte. Ele roubava sucata metálica dos pátios das ferrovias, conseguia contratos com o governo depois de ameaçar os fornecedores concorrentes e se apropriava de terras e imóveis de outras pessoas.
Ahmed também entrou para uma gangue liderada por um gângster que se tornou vereador chamado Shauq Ilahi, conhecido popularmente como Chand Baba.
Em 1989, Ahmed pensava em fazer carreira na política. O mentor e seu seguidor se desentenderam quando ambos competiram entre si nas eleições para a assembleia estadual naquele ano. Ilahi havia pedido a Ahmed que desistisse da candidatura, mas ele se recusou.
Após o anúncio dos resultados da eleição ou talvez durante a apuração dos votos (os relatos são conflitantes), uma violenta guerra de gangues irrompeu nas ruas da cidade, entre os apoiadores dos dois gângsteres, agora rivais.
Durante o tumulto, o alvo principal – Ilahi – foi morto. E, com a eliminação do seu mentor e uma vitória estrondosa na sua primeira eleição como candidato independente, Ahmed se tornou o centro das atenções.
Nas três décadas seguintes, Ahmed tornou-se o gângster mais temido de Prayagraj. Shukla se lembra de prendê-lo três vezes, incluindo por assassinato. Mas Ahmed era sempre libertado sob fiança.
“Ele tinha conexões e apoiadores em toda parte. Todos tinham medo dele”, conta Shukla. E, graças a essas conexões, o poder e a influência de Ahmed como gângster dispararam.
Ele costumava passar algum tempo na prisão aguardando julgamento das suas atividades ilegais. Mas ele não se importava.
Ahmed frequentemente convocava seus adversários e comerciantes para que fossem até a cadeia. Lá, ele extorquia dinheiro deles, ordenava que lhes fosse aplicada uma surra e até publicava vídeos dos maus-tratos para comprovar que ele continuava no poder.
Em 2018, um comerciante chamado Mohit Jaiswal apresentou queixa à polícia, alegando que havia sido sequestrado na capital de Uttar Pradesh, Lucknow, e levado para a prisão na cidade de Deoria, no mesmo Estado, onde Ahmed estava detido.
Jaiswal contou aos jornalistas que apanhou brutalmente do gângster, dos seus capangas e até dos funcionários da prisão.
Policiais de Prayagraj contam que Ahmed “tomou” à força um cinema, um hotel, uma oficina e um restaurante na cidade.
“Nas devastadoras guerras entre as gangues, ele acabava atacando tanto hindus quanto muçulmanos”, conta Shukla. “De fato, muitas das suas vítimas pertenciam à comunidade muçulmana.”
O morador local Rajkumar Ojha conta a história de como Ahmed entrou em uma disputa de terras envolvendo seus irmãos. Ele se ofereceu como mediador e a terra da família acabou sendo transferida à força para o nome da esposa dele, a preço simbólico.
“Quando o encontrei mais tarde, ele me insultou, dizendo que eu não tinha conseguido lidar adequadamente com meus irmãos e, por isso, tive esse destino”, afirma Ojha.
Zeeshan Ali é parente de Ahmed. Ele se lembra claramente de um incidente assustador ocorrido na sua casa, dois anos atrás.
Um grupo de homens armados entrou à força na residência, exigindo que ele transferisse um pedaço de terra para o nome do gângster. Ali recebeu uma ligação do próprio Ahmed, ordenando que ele atendesse.
Ali conta que Ahmed apresentou duas opções: entregar a propriedade da terra ou pagar uma quantia significativa em dinheiro, equivalente a um terço do valor da terra.
“Permaneci em silêncio”, afirma Ali. “Ahmed então mandou que seus homens me matassem. Eles começaram a me bater, mas consegui escapar.”
A influência de Ahmed estendeu-se para além de Prayagraj. Em um incidente, ele liderou uma gangue armada para tentar confiscar um terreno vazio de propriedade de um comerciante em um bairro nobre de Lucknow, a cerca de 200 km de distância.
“Eles simplesmente chegaram de manhã, sacaram suas armas e disseram que eram donos da terra”, afirma um policial, que deseja permanecer anônimo. “Nós os impedimos de tomar posse da terra à força.”
Dias depois, Ahmed e seus homens supostamente invadiram um hotel de propriedade do comerciante e ordenaram que o gerente desligasse as câmeras de circuito fechado. Ele então teria relacionado os nomes de mais de uma dezena de homens poderosos da cidade e dito ao gerente: “Faça o que quiser. Tire minha fotografia e entregue para essas pessoas, se quiser.”
O comerciante chamava-se Sushil Gurnani. Ele declarou aos jornalistas: “Eles vieram ao nosso hotel e disseram ‘esta terra era sua até ontem. A partir de amanhã, é nossa.’”
“Eles disseram ‘vá e conte ao ministro-chefe e à polícia, se quiser’”, conta Gurnani.
O político
Em uma fotografia de 22 de julho de 2008, o parlamentar Atiq Ahmed entrou a passos largos no Parlamento indiano, em Nova Déli.
Ele usava um terno safári. Com um sorriso confiante frente às câmeras, Ahmed era claramente o centro das atenções naquela imagem.
Ele e outros cinco parlamentares indianos presos haviam sido libertados temporariamente pelo governo para poderem depositar seus votos em uma moção de desconfiança no Parlamento sobre um controverso acordo civil de cooperação nuclear entre a Índia e os Estados Unidos.
Aquele dia específico foi um dos pontos altos da vida do político e parlamentar, desmascarando a realidade de que os políticos gângsteres haviam se entrincheirado no sistema político da Índia.
O governo da Aliança Progressista Unida (UPA, na sigla em inglês), liderada pelo Partido do Congresso, sobreviveu à votação por pequena margem e os seis parlamentares liberados voltaram para a prisão.
“Considerando a extensa lista de crimes de que foi acusado, Ahmed era igualmente competente nas suas atividades criminosas e no seu serviço legislativo”, escreveu o cientista político Milan Vaishnav no seu livro When Crime Pays: Money and Muscle in Indian Politics (“Quando o crime compensa: dinheiro e músculos na política indiana”, em tradução livre).
Vaishnav oferece um retrato expressivo da vida de Ahmed como político.
“Os moradores locais se encantaram na recepção desta semana, quando Ahmed, com um ouvido grudado no celular e o outro recebendo pedidos como parlamentar, murmurava ordens para seu assistente pessoal ou estenógrafo”, ele conta.
“A sede do partido, onde Ahmed iria discursar, costumava relembrar mais um arsenal do que um escritório administrativo, com as impressionantes paredes cobertas de armas automáticas importadas”, escreveu Vaishnav.
Gângsteres como Ahmed se filiavam a partidos políticos ou formavam os seus próprios, principalmente para conseguir proteção.
Eles normalmente conquistavam cadeiras onde havia profundas divisões sociais, em função das castas ou das religiões, e se considerava que o governo não estava conseguindo conduzir suas funções – a prestação de serviços, a prática da justiça ou o fornecimento de segurança – de forma imparcial.
Como a maioria dos políticos gângsteres, Ahmed teve uma vida confusa.
Entre 1989 e 2002, ele ocupou a mesma cadeira em Prayagraj por cinco mandatos consecutivos. Ahmed começou como candidato independente e acabou liderando o Partido Samajwadi, influente na região. Por fim, ele entrou no Apna Dal, um partido dissidente formado por um líder das castas inferiores.
Ahmed atingiu maior sucesso durante o governo do Partido Samajwadi. Sabia-se que ele tinha um relacionamento próximo com seu líder, Mulayam Singh Yadav, que morreu em 2022. O Partido Samajwadi concedeu a ele a autorização para competir em Phulpur.
Como líder do Partido Samajwadi, Ahmed não hesitou em usar táticas violentas. Em 1995, ele esteve supostamente envolvido no infame “ataque ao hotel” contra Mayawati, a líder intocável do partido regional Bahujan Samaj. Ela dirigia, na época, um desgastado governo de coalizão em Uttar Pradesh com o Partido Samajwadi, seu adversário.
Ahmed supostamente fazia parte de um grupo que invadiu um hotel onde Mayawati realizava uma reunião programada para discutir sua saída do governo e a agrediu.
Quando Mayawati voltou ao poder em Uttar Pradesh, entre 2002 e 2003, Ahmed sentiu-se vulnerável pela primeira vez.
Muitas das suas propriedades, incluindo um enorme escritório onde ele realizava suas reuniões, foram destruídas e ele foi preso. Mas sua sorte mudou novamente quando o Partido Samajwadi (SP, na sigla em inglês) ganhou as eleições em 2003.
Ahmed, agora, era um político experiente.
Nas reuniões públicas, Ahmed liderava as multidões e falava como um político astuto. Ele falava sobre igualdade, secularismo, justiça social e educação das meninas.
“A educação é o maior amor que você pode dar aos seus filhos”, disse ele a uma vibrante multidão, muitos anos atrás.
Quando os repórteres o questionavam sobre seus antecedentes criminais, Ahmed relembrava que um tribunal havia anulado um recorde de 123 processos contra ele em um único dia.
“Será que isso aconteceu em algum outro lugar do mundo – o fato de que eu enfrento tantos processos falsos?”, perguntou ele a um repórter.
Muitas vezes, ele acolhia o partido nacionalista hindu BJP. Certa vez, ele disse que as pessoas entravam com processos contra ele porque ele defendia a amizade entre hindus e muçulmanos.
Ahmed afirmava que seu interesse era chegar ao poder para “melhorar a vida das pessoas”. Ele se apresentava como um mártir na política, afirmando que tinha pouca vida pessoal porque trabalhava para o povo.
“Ele dava dinheiro para os pobres pagarem suas contas médicas e mandarem as crianças para a escola”, afirma Anupam Mishra, editor do importante jornal de Prayagraj, The Leader.
“Ele ajudava tanto hindus quanto muçulmanos. Mas não havia ali nada de caridade. Tudo era para cultivar a imagem, como fazem outros políticos gângsteres”, segundo Mishra.
Um homem politicamente vitorioso como Ahmed sempre atrairia inimigos e iria para a prisão, disse ele certa vez. Ele se comparava com Nelson Mandela, afirmando que o reverenciado chefe de Estado sul-africano “ficou na cadeia por 27 anos”.
“Mandela chegou a ser um homem procurado. Depois, ele se tornou o governante mais respeitado do seu país”, dizia Ahmed.
Atiq Ahmed consolidou seu poder político entre 2003 e 2007. Mas, pouco antes do fim do governo do Partido Samajwadi e da convocação de novas eleições em 2007, um caso hediondo acelerou sua queda e aparentemente fez com que ele perdesse o apoio eleitoral dos muçulmanos. Duas jovens foram sequestradas de uma escola muçulmana e sofreram estupro coletivo.
O crime causou imensa revolta na comunidade e muitas pessoas acusaram Ahmed e seus homens, embora o nome do gângster não tenha sido mencionado na denúncia à polícia.
“Depois do incidente, Ahmed perdeu o apoio da sua comunidade, que era o seu maior reduto eleitoral”, segundo Ali.
Dois anos depois, Ahmed perdeu sua cadeira no parlamento e nunca mais ganhou uma eleição. Mas continuou a disputar, foi preso e libertado e ainda permanecia no mundo do crime.
Até que, em 2017, o governo do BJP de Yogi Adityanath assumiu o poder. E, desde então, Ahmed passou a maior parte do tempo na cadeia.
A prisão e o fim
Mesmo atrás das grades, Ahmed parecia exercer influência no mundo exterior, chegando frequentemente às manchetes dos jornais. Um assassinato importante no início deste ano, por exemplo, foi relacionado a ele e abalou o país.
Em uma noite de fevereiro, o advogado Umesh Pal foi morto a tiros na porta de casa por pistoleiros suspeitos de fazerem parte da gangue de Ahmed.
Umesh Pal era testemunha-chave do assassinato de Raju Pal em 2005. As câmeras do circuito fechado mostram que ele estava falando ao telefone enquanto saía do seu Hyundai branco perto de casa.
Enquanto seu segurança armado sai do banco da frente, um jovem portando um revólver atira em Pal. O advogado de 48 anos cambaleia na pista e surgem outros homens atirando.
Uma bomba é detonada, cobrindo a rua movimentada com uma cortina de fumaça. As pessoas correm em busca de abrigo.
A família de Ahmed – esposa, filho e irmão – foi acusada pelo assassinato de Umesh Pal. Como Ahmed e seu irmão já estavam presos devido a outros processos, a acusação é que eles teriam ordenado o ataque à luz do dia.
O processo do assassinato de Raju Pal ainda corria na justiça, aguardando julgamento.
Ahmed estava em uma prisão no Estado indiano de Gujarat desde 2019. A Suprema Corte da Índia havia ordenado que ele não fosse mantido em Uttar Pradesh, para evitar que ele dirigisse sua gangue de dentro da cadeia. Na época, ele parecia ter sido abandonado pelos seus padrinhos políticos.
Dias antes do seu assassinato, seu filho Asad, que era estudante de Direito, foi morto pela polícia. Asad foi supostamente observado na gravação do assassinato de Umesh Pal pelas câmeras de segurança e foi indiciado e acusado pelo crime.
A polícia declarou ter confiscado e demolido os imóveis do gângster. Suas casas, escritórios e negócios valiam cerca de 10 bilhões de rúpias (cerca de R$ 600 milhões).
O ciclo de violência e vingança desencadeado por Ahmed prosseguiu por muito tempo depois da sua prisão. Uma testemunha-chave havia sido morta à luz do dia em fevereiro. E, três meses depois, o próprio Ahmed teve seu trágico destino.
O assassinato teve algum mandante? Ninguém sabe ao certo.
Um ou dois capítulos finais da história do efervescente submundo de Prayagraj talvez ainda estejam esperando para serem escritos.
* Com reportagem adicional de Ankit Srinivas, em Prayagraj.