Príncipe Harry: ‘Sempre me senti diferente do resto da família’
- Author, Sean Coughlan
- Role, BBC News
O príncipe Harry disse que “sempre se sentiu um pouco diferente” de sua família, e que sua mãe, a princesa Diana, sentia o mesmo.
Em uma conversa sobre luto, o duque de Sussex disse que temia perder as memórias que tinha de Diana quando começou a fazer terapia.
Ele também afirmou que faz questão de “sufocar” seus filhos com carinho para evitar transmitir “traumas” ou “experiências negativas” de sua própria criação.
Harry falou sobre estes temas com o médico Gabor Maté, autor de livros sobre trauma.
A conversa tratou de pontos que Harry aborda em seu livro de memórias Spare (O que Sobra, na edição em português).
Refletindo sobre a resposta do público ao trabalho, o duque de Sussex insistiu não ser uma “vítima” ou buscar conquistar simpatia.
Ele revelou que sua própria reação à publicação do polêmico livro foi se sentir “incrivelmente livre”.
“Senti um peso enorme sair de cima dos meus ombros”, disse, descrevendo o livro como um ato para ajudar a quebrar o tabu de se falar sobre saúde mental.
Vivendo em uma ‘bolha’
A discussão focou nas emoções, na terapia e nos pensamentos do príncipe sobre saúde mental.
Também não houve menções sobre como a família real, incluindo seu irmão, se sentiu sobre seu livro de memórias.
O príncipe Harry disse que, durante sua criação, ele se sentiu “um pouco diferente do resto da minha família” e que tinha a sensação de viver em uma “bolha”, que a terapia o ajudou a estourar.
Ele foi questionado sobre como foi viver uma infância marcada pelo distanciamento emocional e a falta de abraços e de demonstrações de afeto.
Ele disse que, com seus próprios filhos, estava “se certificando de sufocá-los com amor e carinho”.
“Como pai, sinto uma grande responsabilidade em garantir que não transmita nenhum trauma ou… experiências negativas que tive quando criança”, disse.
Ele falou várias vezes sobre a importância da terapia, mesmo que isso pudesse criar uma barreira entre ele e outros parentes.
Harry afirmou que temia erroneamente que isso pudesse corroer seus sentimentos por sua mãe, que morreu em um acidente de carro em Paris em 1997, quando ele tinha 12 anos.
“Uma das coisas que mais me assustava era perder o que sentia pela minha mãe… o que quer que eu conseguisse segurar da minha mãe”, disse.
Mas ele não perdeu esses sentimentos e percebeu “que, na verdade, ela só queria que eu fosse feliz”, disse.
Drogas e guerra
O príncipe falou sobre ser “eternamente grato” por sua esposa Meghan mudar sua perspectiva, chamando-a de “ser humano excepcional”.
Mas ele disse que conviver com Meghan lhe proporcionou um “curso intensivo” sobre a experiência do racismo, que ele descreveu como “bastante chocante”.
Harry também defendeu o uso de remédios psicodélicos, dizendo que isso o ajudou a “lidar com os traumas e dores do passado” e foi como a “limpeza do para-brisa”.
Ele disse que usar cocaína “não ajudou em nada”, mas que “a maconha é diferente, na verdade me ajudou muito”.
Harry falou sobre o Afeganistão, onde serviu por duas vezes, dizendo que nem todos os soldados britânicos concordavam com a guerra.
“Uma das razões pelas quais tantas pessoas no Reino Unido não apoiaram nossas tropas foi porque presumiram que todos os que estavam servindo eram a favor da guerra. Mas não, uma vez que você se inscreve, você faz o que lhe dizem para fazer”, afirmou.
“Portanto, muitos de nós não necessariamente concordamos ou discordamos, mas você faz o que foi treinado para fazer. Você faz o que foi enviado para fazer.”
A obra inclui alegações de uma briga física com seu irmão, o príncipe William, e experiências de uso de drogas e perda da virgindade.