Séries de TV: As melhores de 2023, segundo críticos da BBC
- Author, Caryn James e Hugh Montgomery
- Role, BBC Culture
Passando por The Last of Us e Succession até chegar a O Urso e Companheiros de Viagem, os críticos de cinema da BBC Caryn James (CJ) e Hugh Montgomery (HM) indicam as melhores séries de TV de 2023.
Confira a lista e escolha a próxima atração do seu streaming.
E, nesta reportagem, confira os 20 melhores filmes de 2023, segundo os críticos da BBC.
1. The Last of Us
Quando parecia não haver lugar para mais um drama pós-apocalíptico ou adaptação de videogame, surgiu The Last of Us. A história inclui zumbis apavorantes com cogumelos na cabeça, mas eles são a menor das razões do impacto da série.
The Last of Us traz profunda emoção e humanidade na sua tensa história de sobrevivência, baseada no relacionamento entre Joel (Pedro Pascal), um pai enlutado, e Ellie (Bella Ramsey), a garota órfã que ele concorda relutantemente em levar para o outro lado do país em busca de segurança.
À medida que eles viajam para o oeste do que, um dia, foram os Estados Unidos, as mudanças de cenário e os personagens que eles encontram acrescentam diversidade à história.
Um episódio estrelando Nick Offerman e Murray Bartlett, personagens cujo relacionamento já dura décadas após o apocalipse, é um dos mais comoventes do ano. O encontro com o irmão perdido de Joel é gratificante, mas carregado de perdas no final.
Com seu papel, Pascal conseguiu romper com o convencional, baseando os elementos do gênero com uma atuação realista e poderosa, que lhe valeu a indicação ao Emmy.
The Last of Us fala de forma eloquente para as pessoas que não sabiam que a história se tratava de um videogame até assistirem à série. (CJ)
The Last of Us está disponível no Brasil na HBO Max.
2. Poker Face
Às vezes, o conceito de uma série é o resultado de tanta inspiração que ela simplesmente não tem como fracassar. É o caso desta série sobre assassinatos de Rian Johnson, criador do filme Entre Facas e Segredos (2019).
A série surgiu após uma conversa casual durante o jantar entre ele e a estrela Natasha Lyonne sobre sua paixão em comum por séries de detetive.
Lyonne é uma das estrelas mais inimitáveis de Hollywood. Aqui, ela é a realização de um sonho ao interpretar a pacata Charlie, uma garçonete nômade que viaja pelos Estados Unidos. Ela se envolve inadvertidamente em casos de assassinato que desafiam sua mente aguçada e sua singular capacidade de detectar quando alguém está mentido.
Com sua energia aguerrida e perspicaz, Charlie é uma versão feminina do detetive Columbo – e, como na série clássica dos anos 1970, podemos observar o assassinato no início de cada episódio. Ou seja, a questão não é quem o cometeu, mas como ele aconteceu.
Existe algo de particularmente tranquilizador quando vemos Lyonne reunindo as peças do quebra-cabeça antes de sair para a estrada novamente.
Verdadeira série da escola antiga da TV, Poker Face é um dos prazeres mais puros e simples do ano. (HM)
3. Falando a Real (Shrinking)
A presença de Harrison Ford, no seu improvável, mas brilhante modo cômico, já seria razão suficiente para assistir a esta série.
Mas Falando a Real apresenta algo de inesperado e desafiador. A série consegue equilibrar o tom profundo e dramático de uma história de sofrimento com o humor muito engraçado dos seus personagens.
Jason Segel – que também é um dos criadores da série (ao lado de Bill Lawrence e Brett Goldstein, da série Ted Lasso) – interpreta Jimmy, um terapeuta cativante, mas, às vezes, um tanto inútil. Um ano após a morte da esposa, ele decide dizer aos pacientes como eles devem levar suas vidas.
Grande parte do humor da série vem da forma como seus colegas tentam ajudá-lo. Ford interpreta com perfeita ironia seu papel de terapeuta sênior, que também é o mentor e amigo irascível de Jimmy.
Outra colega de Jimmy é Jessica Williams. Juntos, ela e Ford conseguem transformar uma discussão sobre a quantidade de água que se deve beber por dia em um cômico prazer.
À medida que os personagens revelam cada vez mais falhas, são suas imperfeições que os tornam ainda mais agradáveis. (CJ)
Falando a Real está disponível no Brasil na Apple TV+.
4. Succession
Na sua quarta e última temporada, a envolvente saga sobre dinheiro, poder e disfunções familiares atingiu suas maiores ambições, reunindo 27 indicações ao Emmy.
O episódio da morte de Logan Roy (o inesquecível personagem de Brian Cox) é simplesmente uma joia artística. Ele não se concentra no homem que está morrendo, mas nos seus filhos distantes e perturbados, interpretados com profundidade desconcertante por Jeremy Strong, Sarah Snook e Kieran Culkin.
No final, a questão sobre qual filho de Roy sucederia o pai na liderança do império das comunicações Waystar Royco foi respondida de forma surpreendente, enfatizando a ideia de que ninguém mantém o poder para sempre.
O retrato da cobiça e das mudanças do cenário das comunicações apresentado por Succession não tem igual, mas a manobra mais brilhante do seu criador Jesse Armstrong foi incorporar tudo isso em uma família problemática. Succession tem lugar garantido entre as melhores séries de TV de todos os tempos. (CJ)
Succession está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo e na HBO Max.
5. Treta (Beef)
Se esta série da Netflix fosse anunciada como um “drama sobre fúria no trânsito”, o momento em que os moradores de Los Angeles (EUA) Amy (Ali Wong) e Danny (Steven Yeun) batem o carro no estacionamento realmente seria o pontapé inicial de uma série de humor ácido, com os eventos saindo de controle de formas inesperadas enquanto suas vidas se entrelaçavam cada vez mais.
Para quem ainda não assistiu, é impossível fornecer muito mais detalhes do que acontece na série. O que podemos dizer é que a sátira social dos primeiros episódios não prepara o espectador para certos momentos terríveis e surreais que vêm a seguir.
Wong e Yeun são surpreendentes. Eles vêm de classes sociais diferentes, mas são igualmente temperamentais.
Eles recebem o apoio de um magnífico grupo de atores coadjuvantes, que vão desde Maria Bello como uma empresária de estilo de vida à la Gwyneth Paltrow até Young Mazino, como Paul, o jovem irmão de Danny, meigo e bonito, mas pouco inteligente.
Em uma época em que a Netflix vem eliminando conteúdo realmente ousado e subversivo, Treta se destaca como uma joia rara. (HM)
Treta está disponível no Brasil na Netflix.
6. Gêmeas – Mórbida Semelhança (Dead Ringers)
Pelas suas escolhas de papéis e presença na tela, Rachel Weisz se apresenta constantemente como uma das estrelas mais convincentes.
Por isso, é realmente um prazer conseguir duas dela pelo preço de uma em Gêmeas – Mórbida Semelhança, uma adaptação do filme do mesmo nome dos anos 1980.
A obra original do cineasta David Cronenberg conta a história de duas ginecologistas que são gêmeas idênticas. E Weisz realmente consegue tirar o máximo dos seus dois papéis.
Como a tímida e íntegra Beverly e a decadente e indisciplinada Elliot, ela oferece uma aula de contrastes, interpretando esta última com particular satisfação.
Na verdade, toda a releitura do filme original é brilhante – desde o incisivo roteiro e o humor ácido de Alice Birch até a cinematografia estonteante e a memorável interpretação de Jennifer Ehle. Sua bilionária patrocinadora amoral faz a família Roy de Succession parecer mais a Família Sol-Lá-Si-Dó, da série de 1969.
O resultado é uma série de suspense psicológico ácida e atraente, que certamente é uma das melhores e mais ousadas séries dramáticas já produzidas pela Amazon. (HM)
Gêmeas – Mórbida Semelhança está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.
7. A Diplomata
Uma das mais inteligentes séries de suspense político dos últimos anos, esta oportuna produção combina intrigas internacionais, suspense e até carros-bomba com dramas pessoais.
Keri Russell brilha com sua energia pragmática como diplomata americana de carreira que é subitamente nomeada embaixadora no Reino Unido.
Ela chega em meio a uma disputa nos bastidores sobre terrorismo, para decidir quem deve ser culpado pelo bombardeio de um navio britânico. Esta situação coloca ainda mais estresse e dificuldades sobre o seu desgastado casamento.
Rufus Sewell é o charme em pessoa como seu inconstante marido diplomata, com ambições próprias. As cenas do casal são modelos de drama entre adultos, pois seu relacionamento depende da ótica política, além das emoções.
A criadora de A Diplomata, Debora Cahn, foi roteirista da série West Wing: Nos Bastidores do Poder. Mas esta produção, nova e revigorante, não tem nada daquele patriotismo efusivo.
Sua visão incisiva da política, que chega às raias do cinismo, é perfeitamente adaptada ao mundo atual. E, com suas explosões e reviravoltas, acompanhar A Diplomata é uma experiência emocionante. (CJ)
A Diplomata está disponível no Brasil na Netflix.
8. Happy Valley
Os policiais da TV são muito comuns. Mas nenhum deles parece tão real quanto Catherine Cawood, a frágil mas indomável policial do norte da Inglaterra interpretada por Sarah Lancashire em Happy Valley – a brilhante série de ficção policial criada por Sally Wainwright, que chegou ao fim este ano após uma excelente terceira temporada.
Sete anos após sua última exibição, a história foi retomada com os problemas de Catherine com seu neto Ryan, agora adolescente, e o pai dele, o criminoso Tommy Lee Royce (James Norton), que se encontra na prisão – mas por quanto tempo?
Como sempre acontece, Wainwright equilibra com maestria o suspense do roteiro com um retrato vívido de Hebden Bridge, a pequena cidade de Yorkshire, no norte da Inglaterra, onde se desenvolve a trama.
Essencialmente, Lancashire é simplesmente elétrica – uma pessoa que luta para manter sua família e sua comunidade em segurança. Você certamente não gostaria de cruzar seu caminho com ela. (HM)
9. Silo
A Apple TV+ talvez tenha se tornado o serviço de streaming de qualidade mais constante dos últimos tempos. E esta é mais uma grande produção: Silo é uma série de ficção científica distópica, baseada nos livros do escritor Hugh Howey.
Ambientada no futuro, a série encontra a humanidade refugiada em um grande silo subterrâneo enquanto o mundo exterior se torna aparentemente inabitável.
Mas seus moradores não sabem exatamente o que aconteceu para que eles fossem morar ali, até que várias pessoas, incluindo o xerife Holston (David Oyelowo) e a engenheira Juliette (Rebecca Ferguson) começam a suspeitar de todo o regime e das mentiras que podem estar sendo contadas.
Tudo é lindamente concebido, desde o projeto de produção do mundo de concreto isolado até o enredo provocante.
John Nugent escreve na revista Empire que Silo “é uma série de mistério fascinante e surpreendente que, ao longo dos seus 10 episódios, toma emprestados elementos swiftianos [da comédia irônica do escritor irlandês Jonathan Swift, 1667-1745], conspirações políticas dos tempos da Guerra Fria, duelos de cidades pequenas do Velho Oeste, procedimentos de trabalho dos policiais e até experimentos filosóficos”.
Se tudo isso não atrair você, o que será preciso? (HM)
Silo está disponível no Brasil na Apple TV+.
10. O Urso (The Bear)
O Urso (The Bear) teve uma reviravolta audaciosa na sua segunda temporada. O chef Carmy (Jeremy Allen White) fechou sua lanchonete The Beef e tratou de substituí-la por um restaurante de luxo chamado The Bear.
Esta decisão de risco atravessou toda aquela temporada, reduzindo as cenas na cozinha e oferecendo imersões mais profundas na vida e no passado dos personagens.
Merece destaque o episódio da véspera de Natal – um flashback que apresenta Jamie Lee Curtis como Donna, a mãe emocionalmente abalada de Carmy e de sua irmã Sugar (Abby Elliott). No episódio, ela prepara a ceia da família com energia caótica que reflete a do seu filho.
O primo Richie (Ebon Moss-Bachrach) tem seu próprio episódio central e sua curva de aprendizado quando passa uma semana trabalhando em um restaurante classificado pelo Michelin.
Carmy se apaixona – e o fato de ficarmos desapontados, mas não surpresos, quando o relacionamento termina é um sinal da força da série.
Com suas cenas na cozinha e pratos que são o paraíso dos estilistas de alimentos, O Urso apresenta o que há de mais íntimo nos seus personagens confusos, envolventes e com múltiplas facetas. (CJ)
O Urso está disponível no Brasil na Star+.
11. Dark Winds
Zahn McClarnon transforma o tenente Joe Leaphorn, da polícia da tribo Navajo, em um dos heróis mais interessantes e complicados da televisão, principalmente na segunda temporada desta série de suspense ambientada no Estado americano do Novo México dos anos 1970.
Leaphorn é calmo e de poucas palavras, mas tem um grande coração. Quando ele descobre quem estava por trás da explosão proposital que matou seu filho, passa a ter dificuldade para definir a linha entre a justiça e a vingança. E McClarnon nos envolve profundamente na sua decisão moral de seguir por um ou outro caminho.
A série também combina uma tensa história de detetive com a ação do Velho Oeste, quando Leaphorn persegue um serial killer através do deserto.
Nos dinâmicos enredos secundários, grande parte dos atores é de origem nativa americana. A sargenta de Leaphorn, Bernadette Manuelito (Jessica Matten), enfrenta conflitos sobre seu futuro, enquanto o antigo parceiro de Leaphorn, Jim Chee (Kiowa Gordon), é um detetive particular que agrega um traço de comédia com suas roupas berrantes dos anos 1970. (CJ)
12. A Outra Garota Negra
O romance de Zakiya Dalila Harris publicado em 2021, sobre duas jovens negras que trabalham como assistentes editoriais em uma importante editora de Nova York, nos Estados Unidos, foi transformado em uma dinâmica série de TV por Harris e Rashida Jones, que aprimoraram o enredo do romance original.
A história é baseada na personagem Nella (Sinclair Daniel) – inteligente, ponderada, mas um pouco crédula demais – que se desestabiliza com a chegada de Hazel (Ashleigh Murray). Nella a recebe como outra mulher negra, mas ela pode ter outros motivos mais sinistros.
O roteiro cada vez mais misterioso envolve conspirações, stalking, traições e segredos sobre um dos escritores favoritos de Nella e acaba trazendo um toque assombroso do sobrenatural.
Mas o verdadeiro horror é o seu local de trabalho. A competição do dia a dia é ainda maior para Nella devido ao racismo e ao sexismo – que esta série de entretenimento aborda de maneira hábil, mas contundente. (CJ)
A Outra Garota Negra está disponível no Brasil na Star+.
13. The Curse
Nathan Fielder e Benny Safdie são os criadores e interpretam, ao lado de Emma Stone, os protagonistas desta inovadora comédia dramática.
A série combina a incisiva perspicácia da série O Ensaio (2022), de Fielder, a visão de mundo convincentemente preconceituosa do filme Joias Brutas (2019), de Safdie (escrito e dirigido com seu irmão, Josh), e a audácia dos recentes papéis de Stone, especialmente a heroína reanimada do filme Pobres Criaturas (2023).
Teoricamente, a série poderia soar como uma sátira inofensiva dos reality shows da TV, com Fielder e Stone como um casal que participa de um programa de reforma de casas e Safdie como seu produtor envolvido.
Mas surgem muitas reviravoltas, como a maldição de uma jovem, a gentrificação que prejudica os moradores indígenas locais e os problemas de fertilidade do casal. Tudo isso, embalado por três vozes originais, mas perfeitamente entrelaçadas, que evitam sistematicamente tudo o que é previsível. (CJ)
The Curse está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.
14. Slow Horses
Uma história de espionagem inteligente e divertida desde o princípio que só melhorou ao longo das suas três temporadas.
Seu conceito inteligente é baseado na série de romances de Mick Herron. Agentes do serviço de inteligência britânico MI5 caíram em desgraça, alguns por terem desobedecido ordens por motivos nobres e outros simplesmente porque cometeram erros. Eles são exilados para um local isolado chamado Slough House – daí o nome Slow Horses.
Mas a série avança muito além da sua premissa graças aos seus atores, que encontram a linha perfeita entre a astúcia, o drama e a ação cheia de suspense.
Gary Oldman interpreta Jackson Lamb, o atabalhoado chefe de Slough House. Ele conseguiu revelar a alma ferida e a consciência por trás da superfície amarga e embriagada do seu personagem.
Jack Lowden (que realmente deveria ser um astro maior) é o agente carismático, enérgico e, às vezes, ingênuo River Cartwright. E Kristin Scott Thomas é a sofisticada chefe do MI5, que lida relutantemente com os Slow Horses, mesmo sabendo o quanto eles são brilhantes.
E o brilho próprio da própria série é incontestável. (CJ)
Slow Horses está disponível no Brasil na Apple TV+.
15. Top Boy
Poucos dramas recentes para a TV foram considerados tão essenciais quanto esta contundente série britânica sobre as gangues de drogas do leste de Londres.
Ela estreou originalmente no Canal 4 da TV britânica em 2013, até ser resgatada do cancelamento pelo superastro do rap Drake, que a levou para a Netflix, onde ela finalmente floresceu.
É triste constatar que a terceira temporada de Top Boy na plataforma de streaming (ou a quinta, se contarmos as produzidas pelo Canal 4) marca o fim da série. Mas ela certamente terminou com grande surpresa, quando a sorte do anti-herói Dushane terminou e ele foi levado a um encontro final devastador com seu ex-amigo Sully.
Top Boy é frequentemente comparada com a série A Escuta (The Wire), o que sempre pareceu longe da realidade. Enquanto a primeira é novelística e discursiva, esta é um produto muito mais substancioso, constantemente impulsionado por suas flagrantes reviravoltas.
O que não é algo ruim, de forma alguma. Foi um brilhante exercício de tensão narrativa, até o seu final chocante e controverso. (HM)
Top Boy está disponível no Brasil na Netflix.
16. Dreaming Whilst Black
De Girls até Ramy, a última década foi marcada por uma rica oferta de comédias dramáticas semiautobiográficas, que trouxeram observações culturais perspicazes e uma sensação real de autenticidade.
Esta produção britânica é a mais recente a adentrar nesta bela linhagem. O trabalho do ator, roteirista e diretor anglo-jamaicano Adjani Salmon mostra as dificuldades enfrentadas por ele e seus amigos no início da carreira no cinema e na TV, em um retrato forte e hilariante das experiências vividas por pessoas negras no Reino Unido.
Salmon interpreta Kwabena, um cineasta londrino iniciante que enfrenta problemas financeiros, empregos sem futuro e o racismo estrutural do setor.
Ao lado dele, existe um enredo paralelo que mostra sua melhor amiga Amy (Dani Moseley) em dificuldades em uma companhia cinematográfica, onde ela também está sujeita a todo tipo de pequenas agressões.
O toque de mestre da obra de Salmon é o tom da série: ela consegue, ao mesmo tempo, ser calorosamente envolvente e brilhantemente ácida. Tomara que a segunda temporada venha em breve. (HM)
17. Colin from Accounts
Cerca de cinco a 10 anos atrás, muito se falava sobre o fim das comédias românticas. Mas essas discussões foram prematuras.
O romance não morreu, ele apenas se transformou ou migrou para a tela pequena, na forma de diversos filmes melosos na Netflix ou séries com roteiros inteligentes, como Love Life e Starstruck.
A mais recente dessas séries foi a produção australiana completamente charmosa Colin from Accounts. Direta e cativante, seu sucesso não se resume a nenhum conceito elevado, mas simplesmente por reunir de forma correta os ingredientes básicos das comédias românticas: boas piadas, um casal principal com química de verdade e um animal fofo introduzido para compor o cenário.
A série é estrelada pelo casal de atores da vida real Harriet Dyer e Patrick Brammall como Ashley e Gordon. Eles se encontram em circunstâncias infelizes após um acidente de carro que atinge um cachorro.
Sentindo-se culpados, eles decidem assumir a responsabilidade pelo animal em conjunto. E é assim que floresce a atração entre os dois, apesar das suas neuroses e de outras complicações trazidas pelos seus pais, amigos, colegas e ex-namorados.
É um grande prazer ver uma série tão simples, despretensiosa e, ao mesmo tempo, autoconfiante. Certamente foi a série mais fácil de assistir do ano. (HM)
18. Companheiros de Viagem
Em um outono magro para a TV no hemisfério norte, esta minissérie com oito capítulos surgiu como um exemplo típico de “drama de prestígio”, mas com uma diferença.
Ela conta a longa história do furtivo e turbulento romance entre dois homens, interpretados por Matt Bomer e Jonathan Bailey, que se conhecem como assessores políticos na capital americana, Washington DC, nos anos 1950.
Por um lado, a série pode ser comparada com muitas outras brilhantes e majestosas minisséries históricas que a precederam. Mas, por outro lado, quando o assunto é a ilustração do par central, ela parece realmente progressista. Suas cenas de sexo são verdadeiramente honestas, já que elas são importantes para definir o relacionamento entre os personagens.
Em relação ao quadro da época, os primeiros episódios fornecem principalmente um relato impressionante e esclarecedor da caça às bruxas entre a comunidade gay da era McCarthy. E uma trama paralela sobre o relacionamento entre um jornalista negro (Jelani Alladin) e seu amante drag queen (Noah J. Ricketts) explora outras relações de preconceito com efeitos poderosos.
Educativa e repleta de emoção, Companheiros de Viagem atinge os objetivos aos quais evidentemente se propõe. (HM)
Companheiros de Viagem está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo e na Paramount+.