Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira (21), a Polícia Federal (PF) falou sobre a Operação Lágrimas de Sal, deflagrada para apurar crimes cometidos no decorrer dos anos pela exploração de sal-gema por parte da Braskem. Conforme a superintendente Luciana Paiva Barbosa, a investigação, por enquanto, se atém a crimes ambientais dos quais a mineradora é acusada, de modo que não se estende a questões como pagamento de indenizações a moradores e acordos com o poder público.
“São dois delegados que estão à frente, peritos com experiência em tragédias como a de Brumadinho e Mariana”, explicou.
Após cumprir mandados de busca e apreensão na sede da empresa, em Maceió, e também no Rio de Janeiro e em Aracaju, a superintendente confirmou que foram recolhidos equipamentos e documentos. Luciana Paiva ressaltou, no entanto, que operação é parte da investigação que começou em abril deste ano e não foi motivada por um fato isolado.
“Estamos aprofundando as investigações sobre a extração de sal-gema na região. Hoje a deflagração é uma consequência de atos que se intensificaram desde que assumi a superintendência, não é um fato isolado”, afirmou.
Perguntada sobre detalhes da operação, a superintendente disse que a investigação segue em segredo de justiça. “Como está em segredo de justiça, a gente realmente não pode dar detalhes. O motivo do segredo de justiça acredito que é cautela do juiz responsável pelo caso”, explicou Luciana.
“É um caso muito complexo, sobretudo agora que teve a entrada de água em uma das minas. Saibam que todos os esforços da Policia Federal estão sendo colocados para esse caso”, disse.
Segundo as investigações, também foram apurados indícios de que as atividades de mineração não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície.
Os mandados foram cumpridos contra pessoas jurídicas e também contra pessoas físicas, mas não houve prisão.
Marcelo Franca, delegado federal que preside o inquérito, também participou da coletiva e afirmou que a operação de busca e apreensão é parte natural da investigação.
“Quando a gente tem crimes cometidos por grandes empresas, é preciso medidas mais invasivas para obter informações. É natural para entender o que se passa dentro das cabines das empresas e levantar informações”, explicou.
Também participou da coletiva Artur de Brito Lemos, chefe da Delegacia de Combate à Crimes Ambientais. A Polícia Federal não citou nominalmente nome de empresas e nem nome de pessoas alvos da operação.