WeWork: entenda como ficam as unidades no Brasil após pedido de proteção contra falência nos EUA
Empresa de aluguel de espaços de coworking aderiu ao Capítulo 11, regra que permite manter as operações e adiar os prazos de pagamento, enquanto busca sanar as dívidas financeiras. Franquia brasileira tem operação independente e passa por outro processo. O problema financeiro da companhia refletiu na cotação das ações da empresa, negociada na bolsa norte-americana New York Stock Exchange
Brendan McDermid/Reuters
A WeWork, empresa de aluguel de espaços de coworking norte-americana, entrou com pedido de de proteção a falência na noite de segunda-feira (6), nos Estados Unidos. As unidades brasileiras da empresa, porém, não devem sofrer qualquer alteração, pois são uma joint venture independente.
Em nota enviada ao g1 nesta quinta-feira, a WeWork LATAM esclarece que a joint venture formada aqui tem o SoftBank Latin America Fund como portador da maioria das ações da empresa. O grupo detém controle da operação na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México desde 2021.
“Como tal, o anúncio feito pela WeWork Inc. de entrar com pedido de Chapter 11/Recuperação Judicial nos Estados Unidos não inclui a WeWork LATAM, como bem destacou em seu anúncio oficial: os franqueados da WeWork em todo o mundo não são afetados por esses processos”, diz a nota.
De acordo com a empresa, as operações na América Latina registraram um crescimento superior a 31% em receita na primeira metade do ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Houve também um crescimento de receita 26% maior no segundo trimestre de 2023 quando comparado ao mesmo período em 2022.
“Estamos confiantes de que temos solidez financeira e o melhor time trabalhando na construção de um futuro no qual o trabalho se tornará uma experiência inspiradora e enriquecedora para todos os nossos membros, pelos próximos anos”, finaliza a empresa.
Proteção contra a falência
A empresa que aderiu ao Capítulo 11, regra jurídica das leis de falência dos EUA que permite o devedor manter as operações e adiar os prazos de pagamento, enquanto busca sanar as dívidas financeiras, foi a WeWork Inc. A empresa controla as operações do WeWork nos EUA e Canadá.
Em nota enviada ao g1, a empresa afirma que “apenas as operações da WeWork nos EUA e no Canadá estão entrando em um processo de reorganização financeira”.
“Todos os outros países em que a WeWork opera, inclusive onde temos operações de franquia ou joint venture, não estão envolvidos neste pedido”, diz a empresa.
O balanço financeiro da WeWork Inc foi prejudicado nos últimos meses por conta da pandemia da Covid-19. Como muitos escritórios optaram por trabalhar de casa, os donos das empresas decidiram por rescindir o contrato de aluguel, prejudicando a economia da WeWork.
E embora a WeWork tenha tido algum sucesso ao contratar grandes conglomerados como clientes, muitos dos seus clientes eram startups e pequenas empresas, que reduziram os seus gastos à medida que a inflação disparava e as perspectivas econômicas locais pioravam.
Somando-se aos problemas, estava ainda a concorrência de seus próprios proprietários. Antigamente, as grandes imobiliárias faziam apenas contratos de longo prazo, e nos últimos anos, passaram a também oferecer serviços de curto período — modelo de negócio da WeWork. Isso ampliou a competição no setor.
Pouco antes da WeWork pedir falência, Adam Neumann, o fundador da WeWork, disse em comunicado: “Acredito que, com a estratégia e a equipe certas, uma reorganização permitirá que a WeWork emerja com sucesso”.
Conheça Adam Neumann, o fundador da WeWork que conseguiu arrecadar US$ 1 bilhão para novo projeto
O problema financeiro da companhia refletiu na cotação das ações da empresa, negociada na bolsa norte-americana New York Stock Exchange. Entre janeiro e novembro, o preço dos papéis caiu 98,5% — o que antes custava US$ 56 (R$ 273,36), nesta quinta-feira (9) está a US$ 0,84 (R$ 4,11).
Um porta-voz da WeWork disse à Reuters que cerca de 92% dos credores da empresa concordaram em converter sua dívida em capital sob um “acordo de apoio à reestruturação”, eliminando cerca de US$ 3 bilhões em dívidas.
Em comunicado divulgado aos investidores, a empresa declarou que reduzirá o portfólio de escritórios comerciais, concentrando na continuidade dos negócios e na prestação de serviços, “uma vez que espera que as operações globais continuem normalmente”.
Durante esse processo, os espaços WeWork permanecerão abertos e operacionais e não haverá alterações na forma como opera para seus membros, disse a empresa.
Trajetória da WeWork
Sob o comando de seu fundador Adam Neumann, a WeWork cresceu e se tornou uma das startups mais valiosa dos EUA, no valor de US$ 47 bilhões. A empresa atraiu investimentos de primeira linha, como do SoftBank e do JPMorgan Chase.
A busca de Neumann por um crescimento vertiginoso às custas dos lucros e as revelações sobre seu comportamento excêntrico levaram à sua demissão e ao descarrilamento de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em 2019.
O SoftBank foi então forçado a dobrar seu investimento na WeWork e contratou o veterano do setor imobiliário Sandeep Mathrani como CEO. Em 2021, o SoftBank fechou um acordo para abrir o capital da WeWork por meio de uma fusão com uma empresa de aquisição de cheque em branco.
A WeWork tinha 777 escritórios disponíveis em todo o mundo no final de junho.
*Com informações da Reuters
Fonte: G1