Caderneta de poupança tem retirada de R$ 3,6 bilhões em julho, informa Banco Central
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda segundo a instituição, saída de recursos da tradicional modalidade de investimentos somou R$ 70,2 bilhões. As retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 3,58 bilhões em julho deste ano, informou nesta segunda-feira (7) o Banco Central.
De acordo com a instituição, no mês passado:
os depósitos somaram R$ 326,6 bilhões,
as retiradas totalizaram R$ 330,2 bilhões.
A saída de recursos da modalidade de investimentos aconteceu após o ingresso de R$ 2,6 bilhões em junho deste ano.
Já no acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, as retiradas de recursos da poupança superaram os depósitos em R$ 70,21 bilhões. Foi o maior valor já registrado para uma saída de recursos nesse período.
Mesmo com a retirada de valores em julho, o estoque dos depósitos, ou seja, o volume total aplicado, registrou aumento para R$ 972,9 bilhões. Em junho, o somou R$ 970,3 bilhões.
Isso ocorre porque, além dos depósitos e saques, também entram no cálculo do estoque da poupança os rendimentos creditados nas contas dos investidores – que somaram R$ 6,2 bilhões no mês passado.
Cenário da economia
A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de juros ainda elevados, apesar do corte da Selic anunciado pelo Banco Central na semana passada.
Na ocasião, a taxa básica da economia passou de 13,75% para 13,25% ao ano. Juros altos geram reflexos nas taxas cobradas pelos bancos — que ainda estão em patamares historicamente elevados.
Indicadores também mostram que o endividamento da população segue alto. Segundo o BC, ele somou 48,8% da renda acumulada nos doze meses até maio desse ano.
O governo federal anunciou recentemente o Programa Desenrola para a renegociação de dívidas de cerca de 70 milhões de brasileiros.
Rentabilidade
Após o corte de juros anunciado pelo Banco Central na semana passada, analistas avaliaram que a tendência é que os investimentos em renda variável (de maior risco e sem retorno previsto no momento da aplicação) fiquem mais atrativos do que os de renda fixa (como a poupança e títulos públicos).
Eles ponderaram, entretanto, que esse movimento deve ocorrer ao longo do tempo — e diante de possíveis novas reduções dos juros. Enquanto isso, com a Selic ainda elevada, ativos de renda fixa continuam tendo bom desempenho.
Mesmo assim, a caderneta de poupança segue com um dos piores desempenhos, mesmo tendo registrado em junho sua maior rentabilidade real — ou seja, descontada a inflação — em quase seis anos.
Pelas regras, a caderneta de poupança segue com rendimento limitado. Quando a taxa Selic está acima do patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
As opções com maior retorno previsto são as debêntures incentivadas — títulos emitidos por empresas para financiar seus projetos e operações. Na sequência, estão as LCIs e as LCAs. Todas essas aplicações são isentas do pagamento de Imposto de Renda (IR).
Fonte: G1