Como depressão pós-parto afeta homens e como pedir ajuda
- Author, Andrew Mayers
- Role, The Conversation*
Muitas pessoas pensam que a depressão pós-parto é uma condição que afeta apenas as mulheres. Mas ela também afeta homens — e algumas pesquisas estimam que isso aconteça com 10% dos pais.
No entanto, embora seja frequente, não há muita informação disponível sobre o tema. Isso pode dificultar saber se você tem depressão pós-parto e como obter ajuda.
A seguir, o que você precisa saber sobre esse tema.
Por que isso acontece
Existem muitas razões pelas quais a depressão pós-parto ocorre. E ao contrário da crença popular, não é apenas devido a hormônios. Mesmo nas mulheres, os hormônios desempenham apenas um pequeno papel na depressão pós-parto.
Os sintomas da depressão pós-parto são bastante semelhantes aos da depressão. Eles podem variar de mau humor, falta de motivação, falta de sono, sentimento de culpa ou inutilidade, falta de concentração, alterações no apetite ou no peso, até fadiga, exaustão e pensamentos de morte ou suicídio.
A principal diferença entre a depressão típica e a pós-parto é que, enquanto a primeira pode ocorrer a qualquer momento, a segunda geralmente ocorre após o nascimento do bebê.
É normal que tenhamos um pouco de dificuldade para lidar com nossa saúde mental depois que um bebê nasce. Afinal, pode ser um momento emocionante, mas também avassalador, com mudanças em quase todos os aspectos da vida: desde a rotina diária, o relacionamento com o parceiro até a quantidade de horas que você dorme todas as noites.
Mas se você estiver de mau humor e com falta de motivação por mais de algumas semanas, ou se surgirem sentimentos que dificultem a interação com seu bebê recém-nascido, considere conversar com seu médico ou profissional de saúde mental.
É importante notar que a depressão pós-parto pode ocorrer a qualquer momento após a chegada do bebê — como no primeiro ou segundo ano após o nascimento, e não apenas nos primeiros meses.
Ajuda
A depressão pós-parto pode não desaparecer sozinha. Portanto, se você suspeita que pode estar lutando contra a depressão pós-parto, é importante buscar apoio, não só para o seu bem-estar, mas também porque pode afetar o vínculo com seu bebê.
Pode ser difícil para você saber como dar o primeiro passo para obter apoio, portanto, um bom ponto de partida pode ser simplesmente reconhecer que é difícil falar sobre isso.
Por mais simples que pareça, isso pode ajudar você a se sentir menos desconfortável ao compartilhar suas experiências ao conversar com alguém.
Vale lembrar que, ao conversar com alguém, é importante dizer como você realmente se sente, e não o que você sente que deve dizer.
Outro sentimento que pode aparecer — e é normal — é sentir raiva por estar assim. Muitos homens que têm problemas com sua saúde mental ficam com raiva porque se sentem assim, ou se preocupam por ter decepcionado seus entes queridos, ou temem que o sistema não os escute. Para lidar com essa raiva, seja paciente. Tente deixá-la passar; isso pode ajudá-lo a se sentir mais à vontade para falar sobre suas outras emoções.
Verifique também em qual ambiente é mais fácil para você falar sobre suas experiências. Por exemplo, algumas pessoas podem achar mais fácil falar com seu médico de família ou em grupos de bate-papo, mas outras podem achar mais confortável fazer isso em ambientes mais informais, como com um grupo de amigos assistindo a um jogo.
Você pode começar a conversa com algo simples — como perguntar como todos estão — antes de compartilhar seus próprios sentimentos e experiências. Ou, se seus amigos também são pais, você pode perguntar se algum deles teve sentimentos semelhantes aos seus durante o período pós-natal.
Se você é um daqueles que acha difícil conversar com seus entes queridos, considere usar um aplicativo de saúde mental. Algumas pessoas acham mais fácil usar isso para fazer perguntas, encontrar soluções e falar sobre como se sentem. Existem alguns aplicativos que possuem recursos que podem ajudá-lo a navegar na paternidade.
A depressão pós-parto nos pais é real e importa. Felizmente, em comparação com apenas alguns anos atrás, há mais conscientização e ajuda disponível do que nunca.
*Andrew Mayers é pesquisador sênior em psicologia na Universidade de Bournemouth (Reino Unido).